7 de dezembro de 2010

Mudemos o Sistema Capitalista, não o clima

Rede Ecossocialista Internacional

A perspectiva ecossocialista

Em Novembro/Dezembro de 2010, a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP em inglês) acontecerá em Cancun, México. Todos os indícios apontam que esta conferência seguirá a mesma linha da anterior, realizada em Copenhague em Dezembro de 2009: será um novo passo da política neoliberal das grandes potências, que tentam eximir a responsabilidade do capitalismo nas mudanças climáticas. Eles aproveitarão o pretexto da situação para privatizar a atmosfera, as florestas, assim como outros recursos naturais, enquanto apresentam a conta da sua incapacidade em atender aos mais pobres de todo o planeta. Incapaz de romper com o produtivismo e a acumulação de lucros e, conseqüentemente, com os combustíveis fósseis, o grande capital também quer impor-nos suas loucuras tecnológicas: energia nuclear, agrocombustíveis, os transgênicos e o chamado "carvão limpo".

Em Copenhague, os Estados Unidos, China, Índia, Brasil, África do Sul e a União Européia negociaram secretamente um acordo paralelo que tentaram, sem sucesso, impor à Assembléia Geral da ONU. Este documento é totalmente insuficiente a nível ecológico: ele implica, a curto prazo, em um aumento da temperatura média global de mais de 4 graus Celsius, sinônimo de catástrofes muito graves. No nível social, significa a eliminação do princípio da "responsabilidade comum mas diferenciada" dos países capitalistas avançados e os "em desenvolvimento". Os representantes de vários países do Sul denunciaram a ilegalidade, a irresponsabilidade, o cinismo e a injustiça do acordo entre os maiores poluidores. Infelizmente, apesar dos seus protestos, ele foi, de fato, adotado como modelo para a política climática da Organização das Nações Unidas, em particular para a Convenção da ONU sobre o Clima e seu secretariado.

Isso é inaceitável! Em abril de 2010, em resposta a um apelo do presidente boliviano Evo Morales, mais de 30 mil representantes de movimentos sociais, sindicatos, povos indígenas e alguns governos se reuniram em Cochabamba (Bolívia), e aprovaram a "Declaração dos povos sobre a mudança climática e os direitos da Mãe Terra". Esta declaração afirma claramente que o capitalismo é responsável pelo aquecimento global e que os países do Norte devem reduzir radicalmente as emissões de gases de efeito estufa, a fim de efetivamente limitar o aumento da temperatura. Mesmo sem subscrever todos os pontos deste texto, a Rede Internacional Ecossocialista apóia todos aqueles que exigem que esta declaração, e não o auto-intitulado "acordo de Copenhague", sirva como base para as negociações de Cancun. Cochabamba tornou possível serem ouvidas as vozes dos povos indígenas, camponeses, mulheres, trabalhadores e os pobres em geral. Em uma palavra: a voz das vítimas. É esta voz, e não a das multinacionais, que deve dar o tom das negociações climáticas.

O verão de 2010 foi marcado por uma série de catástrofes que mostram o que o aquecimento global tem reservado para nós: incêndios assassinos na Rússia, as chuvas-dilúvio e inundações na China, México e Paquistão. O caso do Paquistão é dramático e revelador. Inundações fizeram 20 milhões de vítimas e prejuízos materiais enormes. Se o Paquistão continuar a seguir as receitas do Banco Mundial e do FMI, corre o risco de mergulhar em uma espiral de miséria. Para evitar isso, seria necessário abolir a dívida externa e exigir reparações do Norte. Isso requer uma ruptura com o "modelo" de desenvolvimento capitalista e a implementação de medidas, tais como uma reforma agrária democrática, a produção para as necessidades sociais e uma alternativa de gestão da água e recursos energéticos, a serviço da população.

As mudanças climáticas mostram que o capitalismo chegou ao fim da estrada. Por seu produtivismo, sua busca pelo lucro, este modo de produção está destruindo as duas únicas fontes de toda riqueza: a Terra e os Trabalhadores. Para enfrentar a barbárie que vem junto com ele, uma sociedade alternativa, uma opção radical de civilização é necessária: o ecossocialismo. A otimização dos lucros privados, sem levar em conta os limites naturais, deve ser substituída pela otimização do bem-estar coletivo, o Bem Viver, no respeito à Mãe-Terra. Esta é a mensagem que a Rede Ecossocialista Internacional traz para você.

Junte-se a nós!

Originalmente publicado em inglês em www.ecosocialistnetwork.org

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