20 de setembro de 2008

Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso canavial (eucaliptal, ‘sojal’, etc.)!

Dia 21 de setembro é o Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores. No Brasil, nada a comemorar. Na Amazônia, apesar de toda a pirotecnia do ministro do Meio Ambiente, a cada mês um estado do Rio de Janeiro é desmatado, em grande parte para o plantio da soja. No resto do País, além das extensas monoculturas do agronegócio, a cana de açúcar e o eucalipto vêm pintando o mapa do Brasil de verde; um deserto verde.

As conseqüências e os impactos deste processo são, entre outras:

  • Perda da biodiversidade (alimentar, medicinal, calorífica, artesanal, potencial de construção, entre outros);
  • Alteração do ciclo hidrológico, que resulta na diminuição e esgotamento de fontes de água, como o aumento de inundações e deslizamentos;
  • Diminuição da produção de alimentos;
  • Degradação do solo;
  • Perda de culturas indígenas e tradicionais que dependem dos ecossistemas originais;
  • Conflitos com empresas florestais que ocupam terras indígenas e outras comunidades tradicionais;
  • Diminuição de fontes de emprego em zonas de tradição agropecuária;
  • Expulsão da população rural;
  • Perda da paisagem em locais turísticos.

As empresas por trás destes empreendimentos insistem em negar o óbvio e, cinicamente, chamam estes desertos verdes de florestas. As bolsas internacionais vêm negociando créditos de carbono, onde o "reflorestamento" é feito pela plantação de eucalipto e outras árvores utilizadas pelas indústrias de papel, processo industrial que causa altos passivos ambientais. Estas indústrias vêm sistematicamente sendo exportadas para os países do Sul, para utilizar água, solo e energia e, em troca, poluir.

Além disso, utilizando como "álibi" a necessidade da substituição dos combustíveis fósseis, por outros que não emitam tantos gases formadores do efeito estufa, a plantação de cana vem se expandindo, batendo seguidamente recordes de produção de agro-combustíveis. Esta expansão ocupa as áreas agriculturáveis nobres e mais perto das usinas, empurrando assim o agronegócio e a criação de gado para o Norte e Centro-Oeste, ou seja, empurrando a fronteira agropecuária para a Amazônia e o Pantanal. Variedades de cana transgênicas adaptadas aos solos e ao clima dessas regiões estão sendo desenvolvidas, enquanto o governo Lula incentiva a introdução da produção de palma na Amazônia.

O saite do World Rain Forest Movement (Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais), de onde retirei algumas informações para este post, também tem alguns vídeos interessantes, entre eles "Montanhas de Papel. Crescente Injustiça", em português, que abre uma importante discussão sobre o uso do papel na sociedade neoliberal. Volto a esta discussão mais para frente, mas, como dever de casa, deixo a sugestão de a gente comparar o papel gasto em notícias e em anúncios nos jornais de amanhã, domingo, 21 de setembro, Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores.

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